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21 de novembro de 2005

 

Novo texto



E tudo por culpa da bruxa
autor: El hombre maíz


-Uma bruxa!
- Porra, Beatriz!
-Como assim "Porra, Beatriz"? Você perguntou e eu respondi: Uma bruxa!
- Porra, sim! É porra mesmo. E ainda repete. Já devia ter imaginado...
-O que você responderia?
- Já te falei que odeio essa sua mania de me responder com outra pergunta.

-Não, senhor. O caso agora é outro, você me perguntou qual personagem de filme de terror eu gostaria de ser, e eu respondi: Uma bruxa! Agora eu te faço a mesma pergunta, ainda que esteja até agora perguntando aonde você quer chegar com esse papo besta.

-Em primeiro lugar, não é um papo besta. Considero esse tipo de conversa fundamental para conhecer melhor o próximo, e acredito que muitas relações poderiam ter sido salvas se houvesse mais "papo besta". Em segundo lugar, minha resposta é : Um vampiro! E esperava que você me respondesse o mesmo.

-Quê que tu tem na cabeça? Agora eu tenho que ser vampiro?

- Vampira!

- E o que é que uma vampira tem que um bruxa não tem?

-Ah, não! Agora vou ter que te ensinar a diferenciar uma vampira de uma bruxa. Tá. Vamos lá, as vampiras tem os caninos salientes , enquanto as bruxas ...

- Pára! Eu sei a diferença entre as duas, não precisa me dar uma aula de mitologia popular. Quero saber é em quê isso interfere em nossa relação.

-Putz! Raciocina, Beatriz. São onze da noite e nós estávamos aqui deitadinhos na cama trocando carícias no maior clima. Bastava você dizer que era uma vampira. Eu queria uma vampira na minha cama. Eu ia fantasiar uma jovenzinha imortal, sedutora, maliciosa, sedenta pelo meu sangue e louca pra pular no meu pescoço, mas não, você tinha que inventar essa bruxa. Agora eu estou aqui deitado com uma velha histérica que ferve sapos e com uma baita verruga na ponto do nariz. Sabe o quê é isso? Paulo Coelho. Te avisei sobre esse negócio de ler historinhas de maguinho, bruxinha, bichinho ...

- Quê bichinho?

-Sabia que ia dar nisso..

- Responde! Quê bichinho? Onde Paulo Coelho fala de bichinho?

-E eu que vou saber, cacete!?

- Olha aqui, isso já está indo longe demais, e você já está mudando de assunto. Além do mais, havíamos combinado de não discutir preferências literárias.

-Mudando de assunto, não! VocÊ é que está fugindo da conversa! E outra, combinamos não discutir preferências literárias porque você me convenceu que isso não inteferia em nossa relação, mas, olha aí como interfere. Empatou a foda, e ainda por cima enfiou uma vassoura voadora e uma caldeirão no meio da relação.

-Aí é que tá! Você está brigando por um mal-entendido. Não era esse tipo de bruxa a que me referia.

-Ah..tem outro, é!? Versão remix?

- Tem, sim. Lembra daquele filme "Jovens Bruxas"? Era a isso que me referia. Elas também eram jovens, bonitas, maliciosas...

-Ai meu caralho! Pára! Pára, por favor! É pior do que eu pensava..

-Quê foi? Vai dizer que suas amigas nunca comentaram que quiseram virar bruxas depois desse filme?

- Sim. Quase todas. Mas eram tudo umas patricinhas retardadas. O que eu nunca poderia imaginar é que você na sua adolescência havia feito parte desse grupinho de menininhas idiotas que ficam assistindo esses filminhos comerciais americanos.

- Você também assistiu.

- Sim, Beatriz. Assisti! Assiti, mas não quis ser bruxo. Assisti, mas isso não influenciou minhas fantasias sexuais. Essa é a diferença.

- Poxa, não sabia que meu gosto cultural fosse tão importante na nossa relação.

- Como não sabia!? Quantas vezes te contei que a primeira coisa que reparei em você foi a sua camisa do "The doors"? Dái aquele papo sobre música, cinema, e só depois me dei conta de que além de culta você era linda, agora você vem e me bombardeia com lixo cultural. Mas, sabe de uma coisa? Você é inocente nessa história. A culpa é minha. Minha e da minha maldita negação, já deveria ter imaginado isso desde aquele dia em que te flagrei escutando Renato Russo em italiano.

- O quê que você está dizendo? Aquele Cd foi você que me deu e havia sido seu por três anos. E você gosta tanto daquele Cd que na semana seguinte comprou outro pra você.

- Sim, gosto. Clero que gosto. Mas, sou consciente de que são músicas bregas. É como se tratasse de uma fraqueza assumida, pelo mesmo motivo o qual escuto os "Carpenters". Sei que é brega, mas me cai bem. Enquanto você nunca disse que as músicas do Renato Russo em italiano são "bonitas, porém cafonas". Você diz que são lindas, e só. Essa é a diferença. Igual com os livros, você poderia dizer que Paulo Coelho te entretinha, mas, não! Tinha que falar que o coniderava o maior filósofo contemporâneo. Tinha que falar que merecia o Nobel.

- Tá! Chega dessa conversa. Se estraguei o clima, deita pelo menos para dormir.

- Essa é boa! Dormir? Como dormir? Basta fechar os olhos e já imagino nós dois em casa alguns anos mais velhos, uma estante abarrotada de Shirley Maclane, Paulo Coelho, Magia para iniciantes, Livros de auto-ajuda...Meu filho indo pra escola dizendo: "- Tchau, pai. Um beijo na sua aura." Você no quarto com suas amigas bruxas da adolescência escutando Jerry Adriani e se perguntando como não deram o oscar de melhor filme do milênio para aquela obra prima chamada "Jovens Bruxas"

- Nunca falei de Oscar para "Jovens Bruxas"

- Não. Verdade que não. Mas acabo de me lembrar que nunca te escutei falar mal de "Titanic" e depois de tudo que escutei essa noite aposto que esse é o melhor filme do mundo na sua opinião. Quanta originalidade!

- Você falando de originalidade? E aquela montanha de Cd´s do Bob Marley?

- E daí?

- Como "e daí"? Daí que qualquer adolescente retardado, qualquer doméstica, qualquer dona de casa com o avental engordurado, têm pelo menos uma coletânea do Bob Marley.

- Tá. E porque um bando de imbecis que nem sequer entende o que o cara fala resolvem gostar de sua música ele vira mau cantor? Pode não ser alternativo, é popular, eu sei, mas é bom.

- Não é bom tampouco.

- Como não é bom? Quantas vezes transamos escutando Bob Marley, e você mesma dizia que queria escutar, que te deixava louca e tudo mais.

- Sim, porque eu sabia que você gostava, mas eu nunca fui fã.

- Como assim? E mais essa agora? Essa tu não havia contado todavia. Aliás, hoje você tirou o dia para fazer revelações. Quer dizer então que até na cama você mente? Será possível?

-Pára com isso.

- Não páro! Quer dizer então que todas as vezes que você ficava louca escutando Bob MArley era fingimento? O que mais você anda fingindo?

- Por favor, já está tarde...

- Não foge da questão. O quê mais você anda fingindo? Será que não anda fingindo os orgasmos também? Fala!

- Vem dormir, vem. Deixa de besteira.

- Não! Que dormir que nada! Acende essa luz agora e vamos discutir nossa relação.

***
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Comments:
olá! Como vai?!! To passando di novo pra dar uma olhadinha no seu blog kkkk que marido difícil pow ninguém merece. O cara discute por causa da bruxa, do bob, do Renato Russo hauhaahuaihuahu, e a mulher que eh a chata hauhau vc acha q eh culpa da bruxa?
 
essa foi boa, quem escreveu isso merce um oscar huahuauh
 
putz q homem dificil....assim q ele começa-se discutir eu falaria assim pra ele...vou fikar de 4 pra vc me mostrar como se enfia o cabo da vassoura no caldeirão....kkkk quero ver se ele mudaria de idéia em relação as bruxas....
 
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