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31 de março de 2009

 

Diálogos da vida







- Então a moda agora é limpeza de cólon. Tá todo mundo fazendo. Meu amigo trabalha numa clínica e disse que o tratamento mais buscado é esse.

- Limpeza de cólon é o tratamento esse que enfiam uma mangueira no teu rabo e vão soltando agua?

- É! tava até pensando em montar um negócio, tipo esses furgões de dentista que você vê agora. Hoje em dia tem furgão de dentista, tem pra doar sangue, tava pensando em montar um cólon-móvel, um furgão pra ir de cidade em cidade oferecendo limpeza de cólon. Colocava um auto-falante pra ir anunciando "Alô dona de casa, alô trabalhador! Está passando o cólon-móvel, limpamos seu intestino das impurezas que ele não consegue expulsar. É 100% indolor". Daí estacionaríamos numa praça e íamos atendendo as pessoas uma por uma. Quer montar sociedade?

- Sei não. Na clínica isso dá certo porque há privacidade. Você vê a pessoa entrar num centro de estética e essa pessoa pode estar indo tanto pra cortar as unhas quanto pra meter agua pelo cu. No furgão, não! Quem ia ter coragem de entrar lá se expondo para que todo mundo fique sabendo que andou limpando o cólon? E a fila? Quem ia ficar numa praça pública esperando sua hora de entrar no furgão do rabo limpo?

- Ah, mas isso dá pra resolver. A gente ia botar uma placa assim "Vendemos pão de queijo e limpamos cólon". Pronto, o pessoal pode mentir que tá na fila pro pão de queijo.

- Ah, ia ter um forninho pra pão de queijo no mesmo furgão?

- Não, pô. Ia ser só fachada.

- Mas e se alguém fosse lá pelo pão de queijo mesmo?

- Afe! VocÊ compraria pão de queijo num furgão que se dedica a limpar cólon?

- Ah, sempre tem um, duvido de nada. Pode estar com fome, ué.

- Tá, então fazemos assim: "Leitura de Tarot e limpeza de cólon"

- Sabe ler tarot?

- Parei contigo.

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26 de março de 2009

 

A night at the Opera





Acabo de chegar de um passeio atípico, estive no Teatro Colón aqui de La Coruña, fui assistir um concerto de uma orquestra ucraniana. Tocaram a Nona de Beethoven e Carmina Burana ( que só hoje fui descobrir que se pronuncia cÁrmina Burana, propraroxítona).

Daí então eu não sei se vocês já notaram, mas nas orquestras os músicos homens obedecem três fenótipos (todos bizarros), salvo raras excessões: o magro careca de óculos, o gordo cabeludo e o coroa de mullet de cabelo crespo. Podem reparar.

Mas o que eu nunca tinha prestado atenção até essa noite é na qualidade das mulheres da música erudita. Eu já tenho uma queda por mulheres do leste europeu, daí foi só começar a entrar aquele bando de loira altona que eu me pus a perguntar: Onde foram encontrar mulher bonita dedicada a música clássica? Ou mais, indo um pouco mais longe: onde foram encontrar mulher bonita dedicada a qualquer coisa!?

Porra, fazer parte de uma orquestra exige esforço, dedicação, e qualquer coisa que toma tempo é coisa de mulher feia. Mulher bonita não precisa dessas coisas. Machismo? Façam uma teste: Pensem em todas as beldades que vocè conhece, e responda: você imagina elas oito horas trancado num quarto de frente pra uma partitura com um oboé na boca, ou fazendo casting pra dançarina do Faustão?

Outro teste: Pergunte se elas gostariam de um quadro de Vivaldi na parede da sala, e verá como a maioria não estranhará a pergunta.

Mais: Quando você viu uma violinista na capa da playboy, ou alguma manchete do EGO flagrando uma flautista no Leblon de biquini?

Beethoven não é música de mina gata. Quando a moça é bonita e burra escuta Axé, Calipso e Timbalada. Quando é bonita e menos burra escuta forró pé-de-serra ou dance music, não sai disso.

Não adianta, mulher bonita não quer nada com música erudita, só na Ucrânia. Bem ali na minha frente tinha duas delas ali com o violino na mão tocando magistralmente enquanto eu, embasbacado imaginava como seria bom poder comer alguém e depois não ter que conversar sobre Big Brother.

Elas iam movendo incessantemente aquele arco do violino pra cima e pra baixo, aqueles músculos de seus bracinhos branquinhos tremulando enquanto eu pensava "se com essa varetinha fininha de nada elas fazem isso tudo ..."

Depois foi a hora de mudar o foco e passei a observar as violoncelistas, e aquilo foi a perdição. Quer coisa mais sexy que uma violoncelista? Eu não troco uma violoncelista ucraniana por cinco loiras do Tchan. Cara, as minas ficam duas horas de perna aberta! Duas horas com um violoncelo metido no meio das pernas, tem noção? Isso é um violoncelo:




Então se elas aguentam duas horas com um violoncelo, sua flautinha pode brincar ali o tempo que você quiser.

Falando em flauta, nem preciso dizer do tesão que me provocou todas dos instrumentos de sopro, mas isso não foi de hoje. Eu tenho esse morbo acumulado desde que vi o Pedro Bial dizendo numa entrevista que a Giulia Gan tocava flauta. Mermão, pra quem toca a nona de Beethoven na flauta, pagar boquete é brincadeirinha. Se a mina toca oboé, daí vocè tá feito! Mas, se você der a sorte de pegar uma tocadora de tuba, ninguém no mundo será mais realizado sexualmente que você, NINGUÉM!

Quando acabou, ainda fiquei imaginando que seria bom ficar esperando as moças sairem pra ver se por acaso elas não iam juntas tomar umas cervejas por aí, mas já tinha um ônibus esperando elas na porta, e a maioria já tinha entrado, só deu pra falar com a pianista. Dei os parabéns pra ela, mas fiquei só nisso, não quero pianista, queria as duas do violino.

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24 de março de 2009

 

Virei CDF, foi isso.







Bem, ao contrário das outras vezes que eu desapareci desse blog por motivo de excesso de trabalho, devo informar que esse meu último período de ausência é devido ao estudo. Andei pensando e cheguei à conclusão que não estaria mal tentar ser alguma coisa mais significante que um garçom e me inscrevi num cursinho pra aprender uma nova profissão. Não vou dizer o que estou estudando, não adianta perguntar. Me formo em Outubro, tenho prova daqui a uma semana, e se tudo der certo, eu me formar bem, com boas notas e oportunidades de trabalho eu digo o que era que eu estudava, caso contrário me deixem em paz com meu fracasso.

Pra não deixar esse blog parado até Outubro, vou tentar publicar notinhas cotidianas sempre que houver tempo, coisinhas bobas, como por exemplo mostrar minha fantasia de Elvis no carnaval:





Ou comentar sobre minha nova scooter zero quilômetros que eu comprei mês passado que me fez entrar numa crise existencial sobre o porquê de um cara de quase vinte e sete anos de idade não toma vergonha na cara e compra uma moto de verdade ao invés de desfilar por aí com mobiletes de adolescente.





Ah, faz um tempo eu fiz um poema pro Hemetério, a maioria de vocês já deve ter lido porque ele publicou em seu blog e nós temos muito leitores em comum, mas fica pra quem não leu:



Ode ao Hemetério

Hemetério
Não leve tudo à sério
Mesmo num pane aéreo
Ou perto de cemitério
Ria
Como se o ar fosse hélio
(Sem vaidade, um Amélio)


Entre a loira e a morena
Considere o adultério
Já que um dia cai o império
E brocha é pior que estéril

Mas você nem está velho
Tá forte como um minério
E mais bonito que o Nélio.








Daí então teve um dia que eu voltava do futebol, devia ter uns quinze anos de idade, tava tranquilão no ônibus voltando pra casa quando escutei uma mulher lá da última poltrona chamar a atenção rispidamente do cobrador:

- Eu posso te perguntar uma coisa?

- Pergunta ué!

- Por que é que você fica olhando aqui pra trás toda hora?

Nisso, todos os passageiros já estavam de olho nos protagonistas do debate:

- Eu fico olhando pra trás? - Perguntou o cobrador.

- É você, sim.

- Eu não! E se eu olho pra trás é problema meu, não tenho que ficar dando explicações pra senhora.

- Mas eu não gosto que fiquem me encarando.

- Eu não to te encarando, to trabalhando. Às vezes eu tenho que olhar pra trás e eu olho.

- Não tem que olhar aqui pra trás não. Perdeu alguma coisa aqui, por acaso.

- Ah, mas a senhora tá com algum problema, agora vem me dizer pra onde eu tenho que olhar ..


E foi então que todos os passageiros começaram a tomar parte do assunto. Começou aquele murmúrio generalizado, todo mundo dando sua opinião sobre o caso (todos defendendo o cobrador) com a pessoa mais próxima. Gente que nem se conhecia, olhava pro camarado ao lado e soltava:

- Que absurdo, se irritar porque o cobrador olhou pra trás ...

- É, ela tá se achando a dona do ônibus.

- Credo, essa mulher é maluca ...

Um senhor negro que deveria ter seus cinquenta anos e que provavelmente voltava do trabalho, já que estava de paletó, olhou pra mim:

- O cara olha pra onde ele quer, não é verdade!?

- É ...(desconversei)

- Porque se ela tá irritada, ela que mude de lugar, não tem que arrumar confusão.

- Sim .. (fazendo o mineirinho)

Até que ele cansou e foi procurar alguém que não lhe respondesse em monossílabas pra dar sua opinião sobre o acontecimento.

O fato é que a maluca conseguiu mobilizar o ônibus inteiro. Eu nunca vi tantos desconhecidos puxando assunto entre si ao mesmo tempo. Isso sem contar que lá atrás a discussão ainda não havia acabado. Eu não queria conversar com ninguém, mas morria de vontade de ver a cara da mulher que começou o tumulto, mas tinha medo de olhar pra trás e ela investir seus comentários ácidos contra mim. Mas a verdade é que pra alguém que se incomodava com o olhar de uma única pessoa, ser alvo agora de todos os olhares devia ser uma verdadeira tortura, assim que ela se levantou e foi caminhando em direção à frente do ônibus. Na metade do caminho ela ainda deu uma paradinha, olhou pra trás e soltou contra o cobrador:

- E agora? Vai ficar olhando pra frente?

Logo finalmente desceu do ônibus. Pude ver sua cara, era uma coroazinha baixinha com uma verrugona preta cabeluda no canto da boca. Minutos depois que ela saiu, com a situação mais calma no ônibus, um dos passageiros disse o melhor comentário da tarde:

- Se fosse bonita podia até estar nervosa, mas porra, mulher feia pra caralho, devia dar graças a Deus de alguém olhar pra ela. Tinha até bigode!

É, isso não tem nada a ver com o poema do Hemetério e nem com minha moto ou fantasia de Elvis, mas são coisas que eu não consigo guardar só pra mim, tenho que compartir com vocês. Me lembrem algum dia de contar a história dos gêmeos bivitelinos no Tivoli Park.

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18 de março de 2009

 

Momentos três em um






Estive pensando esses dias que faz tempo que não tenho um momento três em um. aliás, esse é um fenômeno tão raro que por mais que eu force a memória só consigo lembrar concretamente de dois episódios três em um em toda minha vida, e ainda assim sou um felizardo porque garanto que muita gente não teve nenhum.

Momento três em um foi o termo que eu adotei pra me referir àqueles casos em que três fatos engraçados acontecem no mesmíssimo instante, pode ser um em decorrência do outro ou podem ser aleatórios, desde que aconteçam num espaço de tempo curtíssimo, sem que você tenha oportunidade de respirar entre uma gargalhada e outra.

A primeira vez que isso aconteceu eu deveria estar entrando na adolescência, e os protagonistas foram quatro: um adolescente com os hormônios a ponto de explodir, uma japonesinha antipática, um peidorreiro e uma velhinha.

O adolescente dos hormônios era um camarada nosso que era o típico arroz. Era amigo de tudo que é menina, dava bom-dia pra todas elas, tava doido pra transar com alguma delas, mas não comia ninguém. Na verdade ninguém ali do grupo comia alguém naquele tempo, mas como ele era o único que tentava, ficou com a fama.

A japonesinha antipática era uma menina lá do bairro que era até bonitinha, mas era insuportável. Sabe essas meninas que parecem que tem três cabaços? Então, ela era assim. Tá certo que todas suas amigas eram virgens, mas era uma questão de tempo, dava pra notar que elas esperavam só ter um pouco mais de idade pra começar a brincadeira, mas a japonesa não, ela era dessas que vê o sexo como uma taxa a pagar se quiser ter uma família, um karma, uma multa pela tentativa de engravidar.

O peidorreiro era um amigo nosso que peidava muito, e a velhinha era uma igual a essas que você vê hoje pela rua.

Daí então estávamos o arroz, o peidorreiro, eu e mais uma galera reunidos no corredor do prédio batendo papo descontraidamente quando a japonesinha surgiu e passou entre a gente com cara de nojo sem nem sequer dirigir a mirada, como se fossemos um gás tóxico espalhado pelas escadas do edifício ou um arroto que alguém soltou ali e perdurou mais tempo que o normal.

Nisso, nosso amigo arroz tenta a sorte:

- Oi, Érica!

A menina nem olha, estala o beiço e continua andando. Todo mundo caiu de gozação em cima do cara num uníssono:

- Aêêêê !!!!!

De repente todo mundo parou de gritar ao mesmo tempo, fez-se um silêncio estranho, que foi quebrado pelo peidorreiro:

- Prat!

Risada geral! Quebrar silêncio com peido é o que há! E é nesse momento que a velhinha entra na história, já que ela vinha subindo as escadas bem no momento do peido, pegando nosso amigo em flagrante e exclamando:

- Pôôôxa!

Foi a cereja do bolo! Três em um! Ríamos sem saber se era pelo fora da japonesa, o peido do colega, ou a surpresa da velha. Quando um dos acontecimentos perdia a graça, começavamos a rir pelo outro, depois pelo terceiro, mas daí nos lembrávamos que ainda tinha um pouco de graça pra rir do primeiro, e foi assim que todos ali quase tivemos uma convulsão. Esse foi meu primeiro três em um, mas o segundo e último foi melhor.

No segundo três em um eu estava passando o verão numa praia e eu tinha um amigo retardado. E quando digo retardado é porque o rapaz fazia coisas que não tinham cabimento algum. E foi uma dessas coisas que começou a confusão.

Estava ele, um outro amigo nosso e eu na praia. Passou um desses vendedores de cus-cus de beira-de-praia, que vão com aquela carrocinha e apertando a buzininha oferecendo cus-cus, cocada, quebra-queixa, quindim e canjiquinha pros banhistas. A mãe do retardado comprou um cus-cus e veio trazer pra ele aquela porra branca toda melecada de leite condensado por cima pro maluquinho comer.

Continuamos a conversa amigável, o moleque ia comendo o cus-cus até com um certo prazer, quando de repente, sem nenhuma explicação, quando o doce estava já na metade, ele olha pro meu amigo e fala:

- Duvida eu esfregar essa porra na tua cara?

Assim, sem mais. Ninguém estava provocando ninguém, nem de olho no cus-cus dele, nada. Não tinha explicação pro camarada esfregar o cus-cus na cara de ninguém, mas como disse, ele fazia coisas sem sentido, como ameaçar um rapaz que tem o dobro de sua força com uma humilhante cuscuzada na cara. O outro desafiou:

- Tu não é nem louco!
-Sprooonng! (cus-cus na cara)

Meu amigo ficou ali um tempo sem reação, com a cara pingando leite-condensado. Até que reagiu e partiu pra cima do doente, mas o bizarro foi que ele agarrou o moleque e em vez de dar umas boas bolachas na cara, fez pior: deitou o moleque de costas sobre seu colo e começou a bater na bunda, dando uma típica surra de mãe, como se estivesse querendo dizer que ia fazer com ele o que sua mãe deveria ter feito muito antes. Acabada a surra, ele solta o garoto, que não se dá por vencido, busca um pedaço de pau gigante e atira contra o agressor, mas acaba acertando o dedão do pé de um cara que passava por ali e que não tinha nada a ver com a história, que sai do cenário mancando e gemendo. Esse foi o terceiro ato.

Cus-cus na cara, tapas na bunda e um inocente levando uma paulada no pé, tudo num breve espaço de tempo. Até hoje quando eu lembro e rio dessa história eu tenho que rir três vezes, uma por cada cena.

Quem me dera presenciar pelo menos mais um momento três em um nesta vida.


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