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28 de agosto de 2009

 

Coisas que socializam





Estava eu na fila do caixa do supermercado, atrás de mim estava uma senhora de idade com seu carrinho mais ou menos cheio, até que apareceu uma outra senhora aparentemente da mesma idade e perguntou se podia passar na frente, já que levava apenas dois pacotes. A senhora do carrinho meio cheio aceitou, porém com uma má vontade impressionante. Ficou ali de cara feia resignada até que a furona da fila comentou que tinha pressa porque tinha hora no médico, e que estava cheia de dores. Pronto, passou a raiva. As duas se animaram e começaram a falar de doenças que padeciam. Quando eu fui embora ainda estava alegremente comentando:

- E artrite? Artrite é terrível!

- Ai, nem me fale! Levo anos tratando a minha! Osteoporose você tem?

- Ô se tenho! E meu marido parece que tá com Alzheimer.

- Ai, Alzheimer é ruim demais. Meu irmão tem...

Tipo, foi então que cheguei à conclusão que há aspectos da vida que são profundamente socializantes, mas devemos estar atentos à faixa etária. Com velhinhas é fácil, falou de doença e já tem assunto pra tarde inteira.

Com pessoas mais jovens, o cigarro é um bom caminho. Por menos altruistas que o sujeito seja, não será com relação ao cigarro. Pode que não dê esmola, pode que não dê comida, mas um cigarrinho ninguém nega, mesmo para um completo desconhecido. Eu tenho um amigo que não fuma, mas usa do altruismo tabagista para paquerar meninas. É só ver uma mulher bonita fumando que vai lá pedir um cigarrinho e enquanto a moça vai catando o maço na bolsa ele vai puxando conversa. Se se aproximasse pedindo qualquer outra coisa a garota torceria o nariz.

Outra coisa socializante: maconha. É impressionante como os maconheiros são unidos. O cara não torce pelo teu time, não vota no teu candidato, não ouve teu tipo de música, no final vocês não tem nada em comum a não ser o fato que ambos são maconheiros, e isso basta pro cidadão te tratar como irmão. Eu sempre defendi que meu fracasso social radica no fato que eu não tomo drogas. Cansei de ver a facilidade que meus amigos que curtem uma marofa fazem novas amizades só puxando um beck. É algo como: "Pô, tu é maconheiro? Eu também sou, chega aí! Tu é parceiro então.." pronto, já estão saindo juntos, já é apresentado a outro grupo, enquanto os caretas vão levando sua vida sedentária.

Mais uma: livros. Saudáveis e socializantes. Criou-se uma mística tão grande em torno ao leitor e que ler é coisa de intelectual, que as pessoas adoram comentar sobre o que estão lendo. Aliás, é meu único refúgio para começar um contato com um desconhecido, mas ainda assim é complicado. Tipo, maconha é maconha, mas há livros e livros; não é o mesmo puxar assunto com um leitora de Dostoievski que com um leitora de Zíbia Gasparetto. Então eu sempre tenho que ir me esgueirando de fininho tentando ler o título na capa do livro até fazer algum comentário que gere uma conversa. Outra desvantagem é que há mais maconheiros e fumantes do que leitores de bons livros. Uma das amigas que eu tenho a conheci assim. Ela ia na cafeteria onde eu trabalhava cada semana com um livro diferente até que um dia puxei assunto e agora além de amiga é conselheira literária.

Outra: camisa de banda. Pessoas acham que só porque você tem o mesmo gosto musical, então é gente boa. Cabe uma ressalva: a probabilidade de alguém vir te cumprimentar por estar vestindo a camisa de uma banda aumenta quanto mais "alternativa" for a mesma. Você com uma camisa do U2 vai cruzar com mil fãs da banda e passar inadvertido. Agora experimenta uma camisa do Tom Zé, que o primeiro que souber pelo menos o nome de três músicas dele vai te dar um abraço. E isso é explicável. Essas pessoas se acham parte de uma minoria seleta (eu me incluo) e oprimida pela música jabá, então quando veem alguém para compartilhar seu gosto por Arrigo Barnabé, Rogério Skylab ou Zumbi do Mato fora do orkut, ficam felizes.

Religião segue a mesma regra da camisa de banda. Só se for minoria. Dois mussulmanos de turbante se cruzam no Brasil e com certeza se aproximam. Já nos Emirados Árabes não acho que ser mussulmano gere tanto assunto. No meu caso é complicado, porque apesar de ser minoria (ateu), não tem nada que identifique ao ateu ao meu lado que compartimos da mesma descrença, talvez uma camisa com a foto de Richard Dawkins, mas é meio brega.

Ou seja, ou começo a fumar maconha socialmente ou terei que me resignar a buscar devoradoras de livros em lanchonetes por toda a vida pra me agrupar. Alguém tem alguma idéia de outros elementos socializantes para sugerir?

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25 de agosto de 2009

 

Follow that corn!






Agora vocês podem acompanhar o Cara de Milho também pelo Twitter:
http://twitter.com/carademilho

 

Fazia tempo que não escrevia uma fábula.






Do tempo que os animais falavam, e tinham RG.

Era uma vez um camelo que nasceu com apenas uma corcova. Não que isso fosse um problema que chamasse muito a atenção, porque para quem o visse passando pela rua, confundia-o rapidamente com um dromedário, mas a verdade é que ele era um camelo. Aliás ele era tão camelo, mas tão camelo que nasceu em Camelot, filho de um camelô com a Dona Camila.

Claro que toda aquela situação gerava certos burburinhos sobre a honra de sua mãe quando seus pais iam buscá-lo na escola e todos viam que ambos eram camelos, mas seu filho, supostamente era um dromedário, mas tais boatos infundados nunca chegaram aos seus ouvidos. Os problemas só começaram mesmo na fase adulta:

- Moço, tem uma coisa errada aqui. Você me deu um RG de dromedário.

- Sim.

- Mas eu sou um camelo.

- Camelos tem duas corcovas.

- Pois, eu sou um camelo com apenas uma corcova.

- Ou seja, um dromedário.

- Nada disso. Um dromedário é um dromedário, um camelo com uma corcova é um camelo com uma corcova.

- Escuta, jovem, facilita minha vida. Eu não tenho tempo para suas crises de identidade. Hoje pela manhã já discuti com uma tartaruga que teimava que era um Jabuti. Eu não posso dar um RG de camelo para um bicho que só tem uma corcova. Pra isso eu precisaria de autorização judicial, e é uma burocracia danada. Tem tanto ganso querendo ser pato, tanto pato querendo ser marreco, tanto jacaré querendo ser crocodilo que o sistema fica sobrecarregado.

Assim que o pobre camelo teve que aceitar seu RG de dromedário enquanto sua petição era encaminhada para o supremo tribunal. Seus problemas continuavam:

- Eu vim para a entrevista de trabalho.

- Sinto muito, estamos buscando um camelo para a vaga.

- Eu sou um camelo.

- Aos olhos de um leigo sim, mas aqui na empresa tratamos de distinguir bem um camelo de um dromedário.

- Eu sou um camelo com uma corcova.

- Sim, e o homem é um macaco sem pelo.

- Olha, meu pai é camelo, minha mãe é camelo, eu só posso ser camelo.

- Se seu pai engoliu essa história ...

(levou um murro)

E foi então que o jovem camelo teve que se resignar a viver com o RG de um dromedário e ter um trabalho de dromedário enquanto a justiça não fazia cargo de seu caso. E chegou então o trágico dia que um fiscal apareceu na empresa onde ele trabalhava para uma inspeção.

- Tem uma coisa errada aqui.- Afirmou o fiscal.

- Claro que tem. - Disse o camelo

- Seu RG é de dromedário, mas você é um camelo. Um camelo com apenas uma corcova, mas ainda assim um camelo.

- Sem dúvida alguma.

- O senhor me acompanhe por favor.

E foi quando o pobre camelo foi preso por falsidade ideológica.



Moral da história: Cara, a tendência é que você se foda sempre.


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21 de agosto de 2009

 

Coisas bonitas que eu desenho no paint








Tem que clicar em cima para ampliar



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20 de agosto de 2009

 

O meu nome é Hussein!





A cabeça da gente é algo curioso, né!? Vocês já devem ter ouvido falar de memórias falsas, pra quem não conhece, eu dou uma explicada rápida: sabe aquele fato da sua infância que você lembra com toda a claridade do mundo? Pois bem, é quase seguro que isso nunca tenha ocorrido realmente, ou pelo menos, não da maneira que você lembra.

Eu surpreendo muita gente quando digo que tenho memória de coisas que me aconteceram aos três anos de idade. Lembro, por exemplo, que eu não sabia fazer o "3" com os dedos (é realmente difícil pra uma criança), então quando me perguntavam minha idade eu tentava mostrar apenas três dedos, agarrando o mindinho com o polegar e não conseguia. Lembro de fazer uma força descomunal pra conseguir fazer o 3, mas desejando profundamente já ter completado os 4 anos porque era mais fácil de fazer com a mão, bastava esconder o polegar. Inclusive uma vez bati numa menina que estava rindo dessa minha incapacidade, e eu sei quem era a menina, sei até hoje seu nome e já a busquei no orkut pra pedir desculpas, mas não a encontrei. É a Daniele, irmã do Reginaldo de Volta Redonda, também conhecida como Daniele Guaiamum, porque tinha cara de carangueijo do mangue, e fui eu que apelidei.

Pena que pouco disso que relatei tem algo de verídico, mas eu lembro claramente, assim como muitas outras coisas da mesma época. Algumas eu pude confirmar com minha mãe que foram verdade, como o dia que fui atacado da cabeça aos pés por um formigueiro, inclusive ela me apresentou depois ao homem que me ajudou nesse dia. Mas uma coisa é que tenha acontecido, outra é que tenha acontecido como eu lembro.

Daí eu dei essa volta toda pra trazer vocês até aqui e comentar uma memória falsa que eu quero recordar por toda a vida porque tenho muito carinho por ela. E essa eu não tive que confirmar com ninguém se era real, porque o bom senso já me fez esse favor.

Em 1989 tivemos as eleições presidenciais, talvez as mais divertidas de toda a história, com candidatos como Silvio Santos, Marronzinho, Enéias, e até o Gabeira, que na época não era o Gabeira tão admirado de hoje e sim o detentor de um slogan ridículo como "Os bichos não votam, votem por eles, votem em mim" acompanhado de uma vinheta com bichinhos da floresta repetindo "Gabeira! Gabeira! Gabeira presidente do Brasil!" (Isso não é memória falsa, tomara que não!)

Daí um ano depois, em 1990 tivemos a Guerra do Golfo, a do Bush pai. E então através da TV eu descobri que existia um país chamado Iraque e o presidente desse país era um tal de Saddam Hussein. Na cabeça daquele garoto que um ano antes havia visto como era uma campanha presidencial, não foi difícil criar a ilusão que era assim em todos os países do mundo, e que no Iraque havia algo semelhante a um Silvio Santos, um Gabeira, e que Sadam Hussei havia sido mais um dos candidatos com algum slogan esdrúxulo, um jingle tipo Lula-lá (saddam-dam?), e que havia sido eleito pelo povo depois de debates hilários na TV (os debates de 89 eram uma aula de humorismo, busquem no youtube). Tudo como aqui.

É aqui que entra a memória falsa: eu juro que vi com esses olhos que a terra há de comer o horário político do Iraque, e era como o nosso. Eu vi e ouvi. Aparecia o Saddam falando seus planos de governo detrás de uma bancada e depois aparecia um árabe e repetia o slogan que eu amei à primeira vista:

Vote no bom!
Vote no 100!
Vote no Saddam Hussein!

Ignoro se 100 era o número de chapa ou se era uma expressão, ou ambos. Até porque não sei se o número 100 tem o mesmo sentido para os árabes que para os ocidentais. O que sei é que em mais de uma ocasião esse slogan veio à minha cabeça e eu o repeti com gosto. Costumava usá-lo para designar tédio ou aborrecimento:

- Thiago, vai pra praia com a gente?

- Não.

- Vai ficar aí dormindo? Todo mundo vai pra praia.

- Não quero ir, quero dormir.

- Aff, em vez de aproveitar o sol.

- Ah, vai ô, me deixa em paz! Curte o sol você, vote no bom, vote no 100, vote no Saddam Hussein.


Claro, Saddam Hussei não foi eleito democraticamente, logo não precisou fazer campanha presidencial com jingles, e o que é mais óbvio: No Iraque não se fala português, logo esse slogan nunca existiu. Mas se ele quisesse recomeçar sua vida política no Brasil pelo menos já contaria com um ótimo slogan pra campanha. Não quis vir, deu no que deu: morreu, se fodeu.


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5 de agosto de 2009

 

5 prováveis mal entendidos que deram a volta ao mundo.







Talvez o equívoco seja meu, já que não pude ir atrás de mais informação sobre o que vou relatar, logo esse texto serve apenas como curiosidade, não é educacional.



1 - Cinderela, o príncipe e seu sapatinho que não era de cristal: Ao parecer, há mal entendidos na estória da Cinderela que nunca foram corrigidos. O primeiro é que a rapariga nunca calçou um sapatinho de cristal. Pensando bem, a idéia de um sapato feito de cristal é bastante absurda, já que é um material bem frágil, e sendo assim, se partiria no primeiro passo, fatiando o pé da moça como um bife. O máximo que poderíamos conceber seria um sapatinho normal, mas adornado com cristais. Pois bem, nem sapatinho de cristal, nem com cristal; a moça calçava um horrendo sapato verde. Foi um erro de tradução entre as palavra francesas vert (verde) e verre (vidro).


O outro equívoco é que não houve nenhum príncipe encantado no conto; Havia um príncipe, mas ele não estava enfeitiçado. O certo seria um príncipe encantador. Nesse caso a confusão foi entre as palavras charmant (encantador) e charmé (encantado). Por isso, meninas, deixem de buscar seu príncipe encantado, já que ele nunca existiu, nem nos contos. Querem um príncipe, fiquem com Charles, o devasso:








2 - Discos Voadores


Segundo Carl Sagan, em seu livro O mundo assombrado por demônios, em 1947 ficou famoso nos EUA um caso de um senhor que havia relatado ter visto um OVNI. Durante uma entrevista ele afirmou que a nave se movia "como um prato flutuando na agua". O repórter compreendeu mal e publicou que a nave tinha forma de prato. A partir de então, todas as pessoas que afirmavam contato com OVNIS diziam que eles tinham forma de prato, o que é no mínimo curioso, porque não parece o desenho ideal para um veículo que vai viajar de uma galáxia pra outra. Curioso como as aparições de naves alienígenas antes de 1947 não tinham essa forma.

Daí vem um de vocês e me diz que Erich Von Daniken publica em Eram os deuses astronautas? fotos de pinturas de mais de 1000 anos onde podemos identificar espaçonaves com forma de disco. Daí eu pergunto: Erich von quem?



3 - O saboroso óleo de fígado de bacalhau.


Segundo um professor meu de Física, a história é assim. Durante a segunda guerra mundial Inglaterra era bombardeada sem piedade. Por isso, as crianças não podiam sair para a rua com frequência, e a consequência disso, não tomavam sol, o que causava um deficit de vitamina D. A solução encontrada pelas mamães inglesas foi tacar óleo de fígado de bacalhau goela abaixo das crianças para suprir essa falta. Até aí, tudo bem, era necessário.

O chato foi que as mamães brasileiras quando souberam disso, acharam que era coisa fina, afinal, vinha da Europa, e começaram a incluir esse suplemento desnecessário na dieta de seus filhos que não viviam num país bombardeado e que por isso podiam tomar banho de sol o dia inteiro.

Como disse no início do texto, não posso confirmar a veracidade dessa história, o fato é que até hoje tem mãe dando essa gororoba pros moleques tomarem, ainda que hoje, pelo menos tiveram o bom senso de distribuirem o suplemento em cápsulas.




4 -Anarcopunks


O vocalista dos Sex Pistols, conhecida como a primeira banda de punk rock da Inglaterra, estava matando seus neurônios para encontrar alguma palavra que rimasse com anticristo (antichrist). Depois de muito pensar, encontrou uma: anarquista (anarchist). E assim surgiu o primeiro verso da música que acabou levando o nome de Anarchy in the UK (Anarquia no Reino Unido) e acabou ficando como uma síntese do que era o movimento punk:

"Eu sou o anticristo
Eu sou um anarquista
Não sei o que quero
Mas sei como conseguir

Eu quero destruir ..."

O fato é que Johny Rotten, segundo ele mesmo, nunca foi anarquista. Só usou a palavra para rimar com anticristo, mas a partir daí nunca mais se separariam movimento punk e anarquia, o que não teria que ser necessariamente assim, já que os Ramones nos EUA já faziam punk rock muito antes e sem idéias políticas.



Um porém: Johny Rotten é um fanfarrão. Pra mim, ele era sim anarquista, mas um anarquista de boteco, não um leitor de Bakunin. O que acredito que aconteceu é que ele deve ter olhado pra trás e ter se sentido ridículo com seu discursinho de tempos de adolescente e agora quer se desfazer da imagem.



5 - Rezando para a Jovem Maria


Há quem diga que houve um erro de tradução na bíblia que compromete toda a história do cristianismo. A questão é que acredita-se que Maria não era virgem quando nasceu Jesus, já que o termo orginal usado por Isaías para se referir a ela (al almah) significaria "uma jovem", não necessariamente uma jovem virgem.


Um porém: Por mais que seja fácil encontrar contradições na bíblia, nesse caso eu vou apoiar os religiosos, já que no evangelho de Lucas ela diz ao arcanjo Gabriel que "não conhece homem". Provavelmente Isaías refere-se a ela como uma jovem, já deixando implícito que era uma jovem virgem, porque naquela época as moças eram menos saidinhas. Além do mais, se José caiu nesse papo de engravidar do espírito santo, quem sou eu pra me meter.




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