15 de dezembro de 2005

Hey! That´s no way to say goodbye!

Para Fábio "Manga", companheiro de infância morto num acidente de moto semana passada.

Dez anos atrás o tio do Luís Fernando, que era feirante, nos trouxe uma caixa de mangas. Cada um levou uma para casa, só você não aguentou esperar e comeu ali mesmo, no meio da rua, igual um animal. Foi aí que te apelidei: "Fábio manga".
O que eu nunca imaginei era que o apelido fosse durar até o fim da vida. Tampouco que você mesmo iria gostar que te chamassem assim. Será que você lembrava que fui eu que te pus o apelido? Será que cada vez que alguém te chamava assim você pensava "Tudo por culpa do filho da puta do Thiago"?

Lembrou de mim nesses últimos seis anos em que não nos vimos? Te pergunto apenas se lembrou, não precisa dizer que sentiu saudade, deixa de veadagem, eu mesmo assumo: não é saudade que me dói. Muito antes de você partir já havia me acostumado com a idéia de não voltar a ver-te, basta ver os rumos diferentes que tomamos em nossas vidas para saber que provavelmente não cruzaríamos nossos caminhos nunca mais.

Então, por que escrevo isso? Simplesmente porque estou puto! Porque isso não é idade de morrer e isso não são modos de se despedir! Não são! Assim, como se fosse mais um. Agora quando eu for ver as estatísticas de mortes no trânsito, saberei que um daqueles números é você, antes eram números, não havia pessoas.

Quero que existam Deuses, ou, pelo menos um Deus. Quero que exista vida após a morte, ou qualquer outra forma de continuidade. Só pra não acreditar que você desapareceu. Só pra acreditar que nem tudo o que você foi sumiu depois de sua última sorte.

Sim, quero que você ainda exista, de alguma forma, exista, e, passado o susto inicial, esteja feliz . Para que possa nos responder que apesar de tudo, valeu a pena. Que foram poucos, mas, foram felizes seus anos vividos, e que você não deixou nada por fazer. É tudo o que nos resta por querer nesse momento, toda sua família e amigos merecemos esse conforto.

No mais, que tenha um bom descanso.

De seu companheiro
Thiago "Minhoca"

Marcadores: Contos

# Asi dijo El hombre maíz @ 3:29 AM

Comments:

acho que mesmo que tenha vida apos a morte, as pessoas nao têm internet do lado de lá, pra ler textos bacanas como esse. de qualquer forma ajuda a gente mesmo a botar pra fora de alguma maneira, né?

vez ou outra, acho que o acaso é uma pessoa, com humor negro e espírito de porco pra fazer dessas coisinhas sem graça com os outros...

# así dijo

Anônimo : 12:17 PM

Também acho que o acaso é bem espírito de porco quando quer ser. Um dia falaremos mais sobre isso.

Mas, olha, acho que tem internet no céu sim, mas sem janelinhas pop-up e sem Spam, porque certas coisas não podem ser de Deus.
beijos

# así dijo