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25 de julho de 2006

 

Histórias curtas pra quem tem preguiça de ler.



A queda de um mestre

Era uma vez um sábio que caminhava com seus discípulos pelo mundo para espalhar sua filosofia pelas pessoas. Ele era careca, barbudo, oriental e vestia uma túnica assim como todos os sábios. Também era leitor e assinante da Sábio Magazine que era uma revista voltada para o público sábio onde forneciam as últimas novidades sobre moda e comportamento para sábios. Um dia estavam ele e seus discípulos caminhando sobre um local despovoado e uma forte chuva os apanhou no meio do caminho, longe de qualquer abrigo. Os discípulos apavorados começaram a correr, mas, ao ver que o mestre continuava seu lento caminhar, perguntaram:

- Ó, grandioso mestre! Porque não corres tu das tenebrosas águas que nos mandam desde o céu? (Eles só utilizavam essa linguagem pra impressionar o mestre. Entre eles, as conversa tinham um tom mais coloquial.)

E foi então que o mestre respondeu:

- Não corro porque a chuva me espera lá na frente.

E todos ficaram aturdidos com a misteriosa resposta; menos um dos discípulos que dirigindo a mirada a todos, disparou:

- Puta que o pariu! Já repararam que o filho da puta desse barbudo fala merda pra caralho?

E todos se surpreendram. Primeiro pelo número de palavrões em uma frase tão curta e depois pela verdade que lhes era revelada. Um outro discípulo reforçou as palavras de seu companheiro:

- Fala merda pra caralho mermo! Só que fala de uma maneira misteriosa que ninguém entende porra nenhuma, daí só porque não entendemos acreditamos que a gente que é o burro da história. Burro é esse velho, caralho! Esses dias ele falou “Você é o que você come” e todo mundo suspirou “Ooohhhh!” “Ahhhhh” “Grande Mestre!” Tomar no cu, cacete! Eu sou o que como? Que porra é essa? Semana passada comi salsicha! Você nem viu, mas, eu comi salsicha! Joguei aquela gororoba de verduras que tu prepara na privada e fui em Marechal Hermes comer um dogão. E daí? Sou uma salsicha? Fala, porra! Sou uma salsicha? Vem cá que eu te mostro a salsicha e esfrego ela na tua cara.

E todo mundo se deu conta que verdadeiramente o tal mestre só falava besteira em tom lúgubre, nada mais. E ficaram muito tristes quando se deram conta de todo o tempo perdido com as filosofias mirabolantes do suposto sábio e para comemorar a nova vida que lhes era oferecida decidiram ir pra um puteiro encoxar umas vagabundas e beber pra caralho.





Noite

Um homem vinha pilotando sua moto duarnte a noite por horas e horas em um povoado desconhecido. Ele não queria estar naquele lugar e nem sabia como havia parado ali, apenas conduzia sua moto em busca de um local onde pudesse dormir pra recomeçar seu percurso ao amanhecer. Enquanto seguia seu caminho encontrou um andarilho pelo acostamento da estrada.

- Olá. Você sabe de algum lugar onde eu possa passar a noite?

- Aqui a noite nunca passa.

- Só busco uma pensão pra eu descansar e logo continuar minha viagem ao amanhecer.

- Aqui nunca amanhece.

- Nunca?

- Não que eu saiba.

- Você nunca viu a manhã?

- Nem sei o que é. Só sei que existe porque sempre entra um forasteiro perguntando por ela.

- E no povoado próximo? Há amanhecer?

- Pode ser que sim. Nunca estive lá. Não há estrada que nos leve até ali.

- E por que não constroem uma?

- Porque é de noite e estão todos dormindo.

Assim que o homem continuou pilotando sua moto pelas estradas escuras daquele povoado até ser vencido pelo cansaço e resolveu dormir ali mesmo na beira da estrada e nunca nem ele e nem o dia jamais amanheceram.


A mão de Deus.

Contam que o zagueiro Jucão Mondrongo que defendia as cores do Sport Clube Araçatuba havia posto a mão na bola dentro da área aos quarenta e quatro minutos do segundo tempo da final da segunda divisão do campeonato paulista. Ao ser entrevistado pela rádio local sobre o porquê de sua atitude, o zagueiro se isentou de culpa justificando que se algo saiu errado era porque ainda não era a hora de dar certo. No final, sentenciou:

- Não foi minha mão. Foi a mão de Deus.

Terminadas essas palavras foi atingido na cabeça por uma garrafa de mijo atirada por um torcedor. Quando acordou estava numa sala iluminada com um ancião sentado à sua frente.

- Explica pra mim essa parada.

- Quem é você?

- Que parada foi essa de mão de Deus? Explica!

- Você é Deus?

- Não. Sou a Claudia Schiffer, mas, esqueci de me depilar.

- Você é Deus ou não é?

- Sei lá. Agora até eu fiquei em dúvida. Se Deus é o idiota que meteu a mão na bola, então o Deus aqui é você, porque eu não fiz nada. Tava nem vendo o jogo.

- Pensei que você estivesse em todos os lugares.

- Pensou, pensou... pensou nada! Pensou nada! Se pensasse não teria nem posto a mão na bola e nem muito menos teria dado essa desculpa esfarrapada da mão de Deus. Que minha mão, o que? Pra que que eu ia meter a mão na bola? E eu vou me meter em campeonato paulista da série B? Tenho mais o que fazer, filho...Agora como se não bastasse passar a eternidade consertando as besteiras que eu mesmo faço ainda tenho que arcar com as trapalhadas de um perna de pau do interior de São Paulo? Nem sei porque tu se meteu a jogar bola. Devia ter feito você manco.

- Eu morri?

- Que morrer que nada! Tu acha que uma garrafada ia quebrar esse seu cabeção? Tu tá vivinho. Daqui a pouco você vai acordar pra continuar fazendo suas lambanças. Só espero que não coloque mais a culpa em mim.

- Já que estou aqui, poderia me explicar o sentido da vida?

- Ah..vai tomar no cu, vai!

E Jucão Mondrongo nunca mais voltou a jogar bola nem em torneio de bairro.


Comments:
Eu imagino que Deus seja exatamente daquele jeito;
vei, todas as três são muito boas, manda mais se tiver...
 
Fantastico, escrotos, muito bons esses textos.
 
Para Roberto:

Estou produzindo mais. Esses são textos que eu deixei guardado na cabeça à espera de poder desenvolvê-los melhor um dia, mas, que acabei publicado tal como estão, já que não ando com tanto tempo livre.

Para Renato:

Gostei da classifícação de "escrotos", você realmente entendeu o que eu quis dizer. Aparece lá na comunidade.
 
mano vc tem serios problemas mentais
 
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