24 de agosto de 2006
Histórias curtas para quem tem preguiça de ler. ( E quem não tem tempo de escrever)
11 de Março
(autor: El hombre maíz)
O relógio soou como costumava soar todas as manhãs. Deveriam ser as seis e meia em Madrid. Hora que ela acordava pra ir pro trabalho. Ele desligou o alarme.Ela murmurou:
- Eu já escutei o relógio. Nao adianta escondê-lo que não vai mudar a hora.
- São seis da manhã ainda.
- Esse relógio não soa antes das seis e meia.
- Hoje sim. Eu botei pra despertar mais cedo pra ficar contigo um pouco mais.
- Mentiroso.
- Verdade.
- Tudo isso só pra ficar comigo meia horinha mais?
- Sim.
- E o que você quer?
- Aquelas coisas que a gente gostava de fazer quando tinha tempo.
E se amaram em plena manhã como há muito não faziam. Aliás, desde que ela começara a trabalhar naquela lanchonete, não se amavam mais nem pela noite. Chegava muito cansada. Alguns minutos depois ele comentou risonho ao pé do ouvido:
- Se eu fosse você me vestia bem rapidinho pra não chegar tão atrasada.
- Como assim?
- É que eu menti. Eram seis e meia quando acordamos.
- Canalha. Meu chefe vai me matar. Que que eu digo pra ele?
- Diz que eu tava te comendo. Ele vai entender.
- Palhaço.
- Vai entender sim. Ele é homem. Sabe que você é muito gostosa pra não ser tocada. Aposto que ele entenderia meu lado se você explicasse pra ele, mas, tem que usar essas mesmas palavras. “Chego tarde porque estava sendo comida pelo meu namorado”. Por que você não tenta?
-Porque eu não sou imbecil. Porque não quero perder meu emprego.
- Grande merda esse emprego. Faz hora extra todos os dias, que moral ele tem pra reclamar que chegou meia hora mais tarde?
- Vou nem responder. To saindo. Tchau. Te amo, seu imbecil.
- Te amo, sua gostosa.
Ela saiu para pegar o trem mais próximo. Ele voltou a dormir para logo despertar às dez da manhã e começar a trabalhar. Era um web designer autônomo, trabalhava sem sair de casa e podia se dar o luxo de escolher seu própio horário. Passaram-se as horas sem que ela voltasse. Pensou que estaria fazendo horas extras uma vez mais. Sentiu raiva do dono da lanchonete uma vez mais. Achava absurdo aquela exploração, não sobrava nada de tempo para estarem juntos. Quando viu que as horas continuavam passando sem nenhum sinal de seu retorno, resolveu telefonar pro seu celular. Estava apagado. Desligou o computador e foi sentar-se no sofá da sala. Resolveu ligar a TV, coisa que não fazia quase nunca. Só a utilizava para assistir filmes. Viu no noticiário algo sobre um atentado terrorista. Haviam explodido um trem. Às 7:39 da manhã. Aquele trem. O trem que ela pegou. O trem que ela nunca pegava. O trem que ela nunca pegaria se não fosse aquele joguinho naquela manhã.
Anos mais tarde alguém teve coragem de lhe perguntar:
- Nunca se arrependeu de ter mentido sobre a hora naquela manhã?
- Nunca. Só me arrependo de não ter mentido mais. Meia hora mais.
(autor: El hombre maíz)
O relógio soou como costumava soar todas as manhãs. Deveriam ser as seis e meia em Madrid. Hora que ela acordava pra ir pro trabalho. Ele desligou o alarme.Ela murmurou:
- Eu já escutei o relógio. Nao adianta escondê-lo que não vai mudar a hora.
- São seis da manhã ainda.
- Esse relógio não soa antes das seis e meia.
- Hoje sim. Eu botei pra despertar mais cedo pra ficar contigo um pouco mais.
- Mentiroso.
- Verdade.
- Tudo isso só pra ficar comigo meia horinha mais?
- Sim.
- E o que você quer?
- Aquelas coisas que a gente gostava de fazer quando tinha tempo.
E se amaram em plena manhã como há muito não faziam. Aliás, desde que ela começara a trabalhar naquela lanchonete, não se amavam mais nem pela noite. Chegava muito cansada. Alguns minutos depois ele comentou risonho ao pé do ouvido:
- Se eu fosse você me vestia bem rapidinho pra não chegar tão atrasada.
- Como assim?
- É que eu menti. Eram seis e meia quando acordamos.
- Canalha. Meu chefe vai me matar. Que que eu digo pra ele?
- Diz que eu tava te comendo. Ele vai entender.
- Palhaço.
- Vai entender sim. Ele é homem. Sabe que você é muito gostosa pra não ser tocada. Aposto que ele entenderia meu lado se você explicasse pra ele, mas, tem que usar essas mesmas palavras. “Chego tarde porque estava sendo comida pelo meu namorado”. Por que você não tenta?
-Porque eu não sou imbecil. Porque não quero perder meu emprego.
- Grande merda esse emprego. Faz hora extra todos os dias, que moral ele tem pra reclamar que chegou meia hora mais tarde?
- Vou nem responder. To saindo. Tchau. Te amo, seu imbecil.
- Te amo, sua gostosa.
Ela saiu para pegar o trem mais próximo. Ele voltou a dormir para logo despertar às dez da manhã e começar a trabalhar. Era um web designer autônomo, trabalhava sem sair de casa e podia se dar o luxo de escolher seu própio horário. Passaram-se as horas sem que ela voltasse. Pensou que estaria fazendo horas extras uma vez mais. Sentiu raiva do dono da lanchonete uma vez mais. Achava absurdo aquela exploração, não sobrava nada de tempo para estarem juntos. Quando viu que as horas continuavam passando sem nenhum sinal de seu retorno, resolveu telefonar pro seu celular. Estava apagado. Desligou o computador e foi sentar-se no sofá da sala. Resolveu ligar a TV, coisa que não fazia quase nunca. Só a utilizava para assistir filmes. Viu no noticiário algo sobre um atentado terrorista. Haviam explodido um trem. Às 7:39 da manhã. Aquele trem. O trem que ela pegou. O trem que ela nunca pegava. O trem que ela nunca pegaria se não fosse aquele joguinho naquela manhã.
Anos mais tarde alguém teve coragem de lhe perguntar:
- Nunca se arrependeu de ter mentido sobre a hora naquela manhã?
- Nunca. Só me arrependo de não ter mentido mais. Meia hora mais.
Comments:
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Cansei de dizer que esse blog deveria ser lido semanalmente, nada de diariamente.
A revista MAD era mensal, possuía vários colaboradores profissionais sendo pagos pra escrever piadas e ainda assim vivia atrasando edições. Eu escrevo de graça, não sou profissional e atraso bem menos que a revista MAD.
Solução: ENcontrar uma maneira de ganhar dinheiro com essa joça de blog. Se me pagam eu sento a bunda 8 horas por dia pra escrever devaneios pra vocês.
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A revista MAD era mensal, possuía vários colaboradores profissionais sendo pagos pra escrever piadas e ainda assim vivia atrasando edições. Eu escrevo de graça, não sou profissional e atraso bem menos que a revista MAD.
Solução: ENcontrar uma maneira de ganhar dinheiro com essa joça de blog. Se me pagam eu sento a bunda 8 horas por dia pra escrever devaneios pra vocês.
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