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22 de outubro de 2006

 

Realismo fantástico


Quem comeu a minha lasanha?

Continuando a nova série, hoje falarei do meu amigo Sérgio (nome fictício, como sempre) que morou comigo nos EUA junto com mais uns cinquenta brasileiros que também estavam fazendo intercâmbio no Parque Nacional do Grand Canyon.

Sérgio é o típico sujeito de família classe média alta que não quer saber de porra nenhuma. Dotado de vocabulário pobre, temperamento explosivo, preconceituoso, péssimo gosto musical, idéias absurdas, e tudo o mais que é peculiar nessa gente que nunca teve dificuldade em conseguir as coisas que queria. Mas, acreditem, era um cara legal.

Esse papo de diga-me com quem andas... é balela. Sempre andei em meio às piores raças e nunca me deixei influenciar, e nem influenciá-los, que fique claro. Não sou o tipo que anda em meio aos desajustados só pra tentar salvar suas almas, que nada! Sérgio tinha quase trinta anos e morava com os pais, não era eu que ia ensinar algo ao sujeito. Tava com ele só pra me divertir mesmo.

Sérgio era a alegria do Grand Canyon, não só por sua mania de cagar de porta aberta com a casa cheia de gente e ainda ficar conversando com a galera e pedir que saiam da frente da TV porque ele queria assistir enquanto desce o barro, mas, também por sua incrível habilidade de fazer/falar merda. Divertia a todos contando suas desventuras de mauricinho no Brasil. Ora contava das brigas no trânsito, ora da suposta briga na boate em que ele havia quebrado a coluna de um cara, ora falava dos orelhões e latas de lixo que ele gostava de quebrar de madrugada na volta da boate, ora falava do dia que espancou uma prostituta que havia roubado o celular do seu amigo, ora do dia que botou seu cachorro pra avançar em outra prostituta, e a coisa ia por aí.

Com tudo isso fica claro porque era melhor ter o sujeito como amigo, verdade? Falando nisso, pobre do carinha que caiu na ira de Sérgio lá no Grand Canyon. Sérgio implicava com um rapaz que era meio homossexual (digo meio porque veio como homem e deixou pra sair do armário lá nos EUA) e não foram poucas as vezes que ele depois de encher a cara com os amigos, levantava a cabeça do nada e mudando completamente de assunto dizia: "Cadê aquele veadinho? Será que ele tá em casa? Vou lá quebrar a cara dele" e ia até a casa do sujeito no meio da madrugada acordá-lo pra provocar uma briga. Algumas vezes chegou inclusive a entrar na casa do dele pra tentar agredi-lo, mas, nunca chegou a bater nele.

Mas, isso de ficar bêbado e ir acordando todo mundo de madrugada indo de casa em casa era normal. Uma vez foi bêbado até minha casa também, mas, pra bater papo. Dei dez minutos de atenção e ele foi embora. Na saída, passou em frente à casa de umas brasileiras, bateu na porta e como elas não abriram, ele arrombou a pontapés. Encontrou as meninas encolhidinhas num canto chorando de medo. O mais legal foi que ele mesmo chamou os funcionários do parque pra arrumar a porta delas, e ainda foi ele que avisou à policia do arrombamento, mas não disse que havia sido ele mesmo o autor do incidente. As meninas entraram em acordo de não denunciá-lo pra que ele não fosse expulso dos EUA.

Falando em problemas com a polícia, Sérgio teve de montão. Vale lembrar que esse incidente da porta foi na primeira semana do cara nos EUA, tinha muito ainda por vir: acidente de trânsito, briga com o gerente de um hotel (seu chefe), multa por não respeitar o horário de silêncio, e o mais grave: Assédio Sexual!

Calma, Sérgio era um grande filho da puta, mas, esse lance do assédio é o único caso em que ele é inocente, e eu sei porque fui testemunha. Lembra do veadinho que ele tinha raiva? Tudo jogada dele. Era época de Copa do Mundo e a casa de Sérgio era o point pra assistir os jogos. A mina apareceu sem ser convidada, ficou lá com a galera, tomou cerveja com a gente, depois sentou na cama do Sérgio e ficou lá arrastando asa. O cara deu uns beijos nela, e ficou naqueles amassos na frente de todo mundo, nada mais. Todo mundo viu que ele não fez nada e não rolou nada ali, mas, o veadinho era amigo da mina e explicou o problema que tinha com ele, daí convenceu ela a dar parte na polícia alegando assédio sexual de Sérgio, para assim ser expulso do país. Pegou pesadíssimo! O problema é que Sérgio tinha vinte testemunhas, e a mina não tinha nenhuma prova, e acabou tendo que retirar a queixa, e o engraçado é que a polícia nunca se importou com o fato de ela ter feito uma denuncia falsa. (Viu como é fácil uma mulher complicar a vida de um cara sem ter problema nenhum?)

Enfim, por mais que as queixas fossem tiradas, as brigas esclarecidas, as multas pagas, o excesso de problemas que Sérgio arrumou fez com que ele fosse expulso do parque, e seus últimos dias no Grand Canyon ele passou escondido na casa de alguns amigos e sendo procurado dia e noite pelos guardas do parque. Eu mesmo fui parado por uma viatura que me perguntou se eu sabia algo sobre Sérgio. Diziam que sabiam que ele tava escondido e que quem o ajudasse também seria expulso do parque.

Agora, pasmem, a última notícia que tive do sujeito foi através de um e-mail que ele me mandou em que dizia que havia voltado pro Brasil e estava trabalhando em sua .... CANDIDATURA PARA DEPUTADO!!!!! E tem gente que leva política a sério...

Mas, tudo isso que eu escrevi foi para preparar vocês para a melhor anedota passado com o sujeito. Lá vai:

Sérgio morava com mais dois brasileiros. Certa vez estavam os dois em casa e Sérgio no trabalho. Eis que surge um amigo dos caras e entra na casa e começa a bater papo, e conversa vai, conversa vem, bate aquela fome, e o cara pergunta se tem algo pra comer. Os dois falam que ele olhe na geladeira e pegue o que quiser. Ele encontra uma lasanha no congelador e pergunta se pode comer, e os dois dizem que sim, que a lasanha é do Sérgio, mas, ele não se importaria. O cara come e vai embora. Corta!

(cai a noite e Sérgio chega em casa)

- E aí, galera!

- Fala, Sérgio!

- Cara, trabalhei pra cacete, to cheio de fome.

- (preocupados) ....

- (olhando a geladeira) Ué? Cadê minha lasanha?

- (fudeu) Que lasanha?

- Como que lasanha? Minha lasanha, porra.

- Sei lá da tua lasanha.

- (puto) Cara, eu deixei uma lasanha aqui antes de sair. Quem comeu?

- (gaguejando) Chegamos agora em casa, nem vimos lasanha nenhuma.

- (muito puto) Quem comeu minha lasanha?

- (suando frio) Fica calmo. Ninguem comeu nada.

- Quem...(andando em direção à TV) comeu ... (agarrando a TV com os dois braços) a minha ... (levantando a TV acima do ombro) lasanha! (arremessando a TV no chão)

- Foi o Marcel! Foi o Marcel! Fala com ele, porra!

- Marcel comeu minha lasanha? vou lá falar com esse cara (nota: era de madrugada)

Antes de sair em busca do Marcel ainda vira pros seus companheiros de ap e dá a sentença:

- Vocês não são meus amigos. Deixaram o Marcel comer minha lasanha.

E foi lá na casa onde o Marcel vivia com a namorada, acordar o cara no meio da noite pra pedir pra ele pagar outra lasanha.


***



Agora é a hora do link do dia.
Assistam essa entrevista pra lá de esquisita que o sujeito deu no Jô Soares mais de dez anos atrás. Pra mim é picaretagem da braba, mas, que é estranho, isso é.

Primeira parte

Segunda parte

Terceira parte

Comments:
Bã... que paia ce nao poder vir nessa josta... acho que vai ser quase impossível eu poder ir no rop rari com toda a criançada do cara de milho mas quem sabe até lá XD
 
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