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19 de junho de 2007

 

A vida é uma escola



Três lições que a vida me ensinou:


Lição 1

Eu tinha um amigo, e esse amigo tinha um irmão mais novo. Meu amigo e seu pai eram botafoguenses, o mais novo balançava entre ser flamenguista ou seguir a estirpe. Até que fiquei muitos anos sem vê-los, e quando finalmente os reencontrei, o mais novo vestia justamente uma camisa do Botafogo, o que me surpreendeu bastante, já que se por um lado contava o peso da família, por outro os anos que haviam passado foram justamente aqueles em que o Flamengo havia logrado o tricampeonato carioca enquanto o Botafogo enfrentava uma crise grave, com jejum de títulos, pífias atuações no campeonato brasileiro e um elenco formado por desconhecidos ou jogadores em fim de carreira, o que culminou com levá-los à segunda divisão.

E sempre que eu me lembrava da família imaginava como uma família composta por dois botafoguenses e um flamenguista, porque achava impossível alguém convencê-lo a optar pelo Botafogo devido ao cenário atual.

Pois bem, assim que os reencontrei e vi aquele menino vestindo orgulhosamente a estrela solitária argumentei:

- E então, cara? Quer dizer que decidiu ser botafoguense mesmo?

e ele me respondeu:

- Claro, pô! Terceiro maior bandeirão do Brasil!


Moral da História: O verdadeiro amor é incondicional e irracional. Nós é que inventamos explicações para justificá-lo.





Lição 2

Eu estava na Central do Brasil comendo um pão de queijo numa lanchonete enquanto aguardava o trem. De repente escutei uma voz que dizia: "Porra!!" "Que merda!" "Olha o que que eu fiz!" "E agora?"

Não eram gritos e nem eram agressivos, eram mais lamentos mesmo. O locutor monologava como se quisesse chamar a atenção para si, como se estivesse carregando um fardo e buscasse ajuda. Eu na minha timidez evitava olhar para o lado e ver quem é que declamava tais lamúrias, mas essas foram ficando cada vez mais insistentes e reparei que eu era o único na lanchonete além do dono dos lamentos, logo a única atenção que ele podia estar pedindo era a minha.

Olhei para o lado e vi um rapaz que tinha apenas um braço. Na mesa de frente pra ele havia vários cigarros espalhados que tinham caído de seu maço, ele lamentava porque não conseguia recolocá-los no maço com apenas uma mão.

Fiquei ali olhando sua briga contra os cigarros. Tentava encostar o peito na mesa e apoiar o maço no peito, mas nem assim conseguia, sem contar que os cigarros começavam a cair da mesa para o chão também. Ele continuava lamentando-se e olhando-me de rabo de olho, eu continuava imóvil comendo meu pão de queijo. Por quê? Primeiro porque não estava seguro que ele queria minha ajuda, alguns descapacitados se sentem com o orgulho ferido quando oferecemos auxílio. O segundo e mais importante motivo é que eu achava que não deveria ajudá-lo a fumar, que é um hábito daninho. Era isso, achava que ajudá-lo a recolocar os cigarros no maço seria uma atitude de lobo em pele de cordeiro, já que estaria fazendo uma suposta boa ação, mas com o fim de prejudicar sua vida.

No final fui ficando cada vez mais comovido com seu pedido de socorro e cheguei à óbvia conclusão que se ele queria fumar era uma opção dele e eu não tinha nada com isso. O melhor que poderia fazer por aquele rapaz naquele momento era acabar com seu suplício e colocar a porra dos cigarros no maço para ele. Foi o que eu fiz, e ele ficou muito agradecido e nem fez menção à minha demora em decidir entre ajudá-lo ou me fazer de sonso.

Moral da história: Anti-tabagismo tem limite, cacete!




Lição 3

Eu estava acampado em Paraty e lá conheci dois casais que estavam viajando juntos. Os dois homens eram amigos de trabalho e haviam planejado um fim de semana na praia com suas esposas. Tudo ia muito bem, até que um dos amigos resolveu descansar do almoço dando uma cochilada na rede. Seu amigo teve então a "brilhante" idéia de lhe pregar uma peça: cortar a corda que sustenta a rede assim que ele pegasse no sono.

Lá foi o idiota fazer sua brincadeirinha com o consentimento de sua esposa e da esposa do dormido. O cara era tão ignorante que não teve nem o bom-senso de cortar a corda que aguentava seus pés, optou por cortar aquela que sustentava sua cabeça mesmo.

Resultado: O carinha que dormia tranquilo acordou com uma baita pancada na cabeça e no meio da gargalhada dos três espíritos de porco que estavam achando aquilo tudo "fenomenal". Partiu então para tirar satisfações com seu agora já "ex-amigo" e o pau comeu feio. E foi uma pancadaria tremenda até que conseguissem separar os dois brigões e formar aquele conglomerado de curiosos ao redor para saber exatamente o que havia passado.

De um lado o autor da brincadeira junto com sua esposa dava sua versão da história. Em outro canto a vítima contava sua visão do ocorrido. Ainda em outro canto afastado sua esposa sozinha chorava e lamentava a atitude de seu marido, que segundo ela, nunca imaginou que fosse "tão violento".

Moral da história: Grande parte das pessoas que qualificamos como violentas estão apenas nervosas porque cortaram a rede na qual dormiam.

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