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15 de setembro de 2007

 

Cara de Milho por um mundo melhor



Orkutizando a vida real

Tem uma charge muito antiga da revista New Yorker, da época em que a TV começava a aparecer nos lares americanos. Nela um casal de idosos jantava de frente para a TV, e a senhora pergunta: "- Antes de inventarem a TV a gente jantava olhando pra onde?"

Isso é só pra mostrar que não é de hoje essa crítica de que as tecnologias acabam contribuindo muito para o isolamento do ser humano. A internet apareceu com outra proposta, ao contrário da TV que só fornecia informação, a internet prometia uma interação maior entre as pessoas, poderíamos então entrar em contato com pessoas de todo o mundo e em teoria isso aproximaria o ser humano, mas ficou na teoria.

Não que a proposta não tivesse sido cumprida, mas ficou restringida ao mundo virtual. Não nos interagimos na vida real com a mesma desenvoltura que na rede, ou seja, a net não aproximou o homem de seus semelhantes, apenas ofereceu um novo passatempo: conversar com desconhecidos sem se comprometer a dar dar "bom dia" cada vez que cruze com ele pela rua.

Eu por exemplo sou incapaz de pedir informação na rua para um desconhecido se ele está num grupo de mais de três pessoas, mas posso abrir um tópico no orkut que será lido por mais de mil pessoas. Sou incapaz de puxar assunto com uma pessoa que passou mais de dez horas do meu lado num avião, porém duas semanas atrás fiquei seis horas num chat com uma menina que eu nem conhecia o rosto.

Os exemplos são inúmeros. Experimente em alguma ocasião entrar no orkut de uma menina que você nunca viu e deixar pra ela um recado com a imagem de uma rosa virtual. Salvo a possibilidade de você ser feio pra caralho, é bem provável que ela responda positivamente à cantada. Agora experimente ir a uma floricultura e mandar entregarem uma rosa real a uma estranha e verá como ela passará tanto tempo pensando na possibilidade de você ser um psicopata ou um obsessivo ou até mesmo um pé no saco, que passará inadvertido o fato de que ganhou um presente e deveria estar contente com isso.

É isso, o ser humano virtual é um doce de pessoa e o ser humano real fede. Por muito tempo pensei no porquê das coisas serem assim, e ontem cheguei à conclusão que o mundo virtual triunfa porque dá possibilidades para tanto. Se a internet fosse apenas para ler sites, ninguém ia ficar conversando por e-mail ou mandando e-mail para desconhecidos, mas a rede sempre se preocupou em fazer com que os usuários interagissem, e por isso foram criadas as salas de bate-papo, os programas de mensagens instântaneas e as páginas de relacionamento, como o orkut.

Quando surgiram as salas de bate-papo, os comentários eram: "-Legal, podemos conversar com outras pessoas, como na vida real", mas acontece que os bate-papos virtuais já superaram há muito tempo as conversas do dia-a-dia, pelo menos no sentido da facilidade com que podemos começar um assunto. Uma menina do orkut me dá toda informação que preciso pra falar com ela: com um click sei as bandas que ela gosta, os livros que ela leu, se ela gosta de humor negro ou se detesta comida chinesa. Por outro lado, uma estranha num bar é apenas uma estranha num bar, eu posso levantar suposições do tipo de pessoa que ela é através de suas roupas, por exemplo, mas serão suposições. Uma negra de trancinhas pode estar querendo chamar atenção para o fato de que gosta de reggae, mas pode ser que ela goste de Axé Music também. Um homem de terno pode ser um executivo, mas pode ser um pastor evangélico também, a vida real não nos fornece tantas facilidades.

Baseando-me no fato de que o homem virtual é muito mais sociável e fácil de lidar que apoio a idéia de aprendermos com ele. Eles souberam nos imitar quando foi necessário, mas agora é nossa hora de copiá-los: Devemos orkutizar o mundo real


Devemos criar salas de bate-papos e comunidades do orkut reais. Façamos assim: Vá até uma praça e marque com giz um retângulo em volto de um banco. Logo coloque uma placa indicando que aquela área demarcada é uma zona de bate-papo real. Quem se senta ali está disposto a falar com quem sentar a seu lado, e quem estiver conversando ali está disposto a que outras pessoas se intrometam na conversa ou pelo menos se sentem para escutá-la. Será uma área de debate aberto para que o ser humano possa interagir com a mesma desenvoltura (ou pelo menos similar) à que ele demonstra detrás do PC.

Não estaríamos acabando com a intimidade das pessoas, porque quem quisesse estar sozinho ou ter uma conversa privada bastaria sentar-se nos bancos não demarcados, onde poderiam ler um livro, alimentar os pombos, escutar música e ignorar todos que estivessem ao redor como estamos fazendo atualmente.

A idéia central é essa: uma área reservada para pessoas que fazem questão de conversar com o próximo, caso a proposta inicial desse certo poderíamos pensar em expandi-la. Poderíamos ir a um parque e demarcar vários bancos e criar comunidades orkutianas reais, como por exemplo, o banco amarelo é pra quem quer conversar de futebol, o banco laranja para quem gosta de literatuta russa, o banco branco é pra debater o governo Lula, e por aí vai.

Se a idéia vingasse mais ainda, poderíamos ir mais além. Simplesmente distribuir programas de debates. Pessoas receberiam papéis pelas ruas indicando que no Parque do Ibirapuera irão conversar sobre Espiritismo no banco verde às cinco da tarde, logo às sete no mesmo banco se reunirão pessoas que acham Senna melhor que Schumacher, e às nove da noite está marcado uma conversa sobre cinema europeu.

Seria algo voluntário e amador, não haveria uma lei obrigando as pessoas a conversarem umas com as outras, a coisa partiria do homem comum. Você só precisaria reunir uns amigos e de um pedaço de giz pra demarcar a área e talvez um pequeno quadro negro pra indicar se aquela zona é de conversa livre ou se você busca um assunto específico. Se quiser dar uma caprichada, poderíamos criar um logotipo da campanha, então substituiríamos o quadro por uma placa com o logotipo indicando que aquela é uma área de conversa livre e num cantinho podíamos escrever: "Um projeto Cara de Milho", porque já que não vou ganhar grana com isso, pelo menos notoriedade ia bem, né!?


***

No mais, saudade de quando as pessoas sabiam se vestir.

Comments:
Boa ideia. Imagina como seria debater pornografia, ou o sexo virtual!?!
 
logo logo ia aparecer um meninos de rua, que nao vao pro colegio nem comem 3 refeicoes por dia, mas que entregam panfletos no meio das conversas: vai la no banco cinza, tao falando do Renan.

seria o spam social:)
 
pros nerds, a internet foi a salvacao. poder conversar com uma guria sem ter vergonha fica facil na web.
 
cara demilho,me amarrei no teu blog (sou um marxdecuhegeliano).

só acho que voce devia mudar seu nome heroico para "corn-face"- ficaria mais imponente :P.

se quiser, dá uma conferida no meu blog tbm: http://www.cientistasocialnerd.blogspot.com/

falow!!
 
Pois é, pessoal. Internetizar a vida real não seria um mar de flores. Viriam o orkut e as salas de bate papo, mas viriam tambem as janelas pop-up reais (como seriam?), os virus (esses ja existem, ne?), e o miguxês também seria um problema, mas nada que impeça de tentarmos minha idéia.

ALVARO: Depois de dois anos como Hombre maíz jamais me acostumaria com corn face.
 
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