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20 de agosto de 2009

 

O meu nome é Hussein!





A cabeça da gente é algo curioso, né!? Vocês já devem ter ouvido falar de memórias falsas, pra quem não conhece, eu dou uma explicada rápida: sabe aquele fato da sua infância que você lembra com toda a claridade do mundo? Pois bem, é quase seguro que isso nunca tenha ocorrido realmente, ou pelo menos, não da maneira que você lembra.

Eu surpreendo muita gente quando digo que tenho memória de coisas que me aconteceram aos três anos de idade. Lembro, por exemplo, que eu não sabia fazer o "3" com os dedos (é realmente difícil pra uma criança), então quando me perguntavam minha idade eu tentava mostrar apenas três dedos, agarrando o mindinho com o polegar e não conseguia. Lembro de fazer uma força descomunal pra conseguir fazer o 3, mas desejando profundamente já ter completado os 4 anos porque era mais fácil de fazer com a mão, bastava esconder o polegar. Inclusive uma vez bati numa menina que estava rindo dessa minha incapacidade, e eu sei quem era a menina, sei até hoje seu nome e já a busquei no orkut pra pedir desculpas, mas não a encontrei. É a Daniele, irmã do Reginaldo de Volta Redonda, também conhecida como Daniele Guaiamum, porque tinha cara de carangueijo do mangue, e fui eu que apelidei.

Pena que pouco disso que relatei tem algo de verídico, mas eu lembro claramente, assim como muitas outras coisas da mesma época. Algumas eu pude confirmar com minha mãe que foram verdade, como o dia que fui atacado da cabeça aos pés por um formigueiro, inclusive ela me apresentou depois ao homem que me ajudou nesse dia. Mas uma coisa é que tenha acontecido, outra é que tenha acontecido como eu lembro.

Daí eu dei essa volta toda pra trazer vocês até aqui e comentar uma memória falsa que eu quero recordar por toda a vida porque tenho muito carinho por ela. E essa eu não tive que confirmar com ninguém se era real, porque o bom senso já me fez esse favor.

Em 1989 tivemos as eleições presidenciais, talvez as mais divertidas de toda a história, com candidatos como Silvio Santos, Marronzinho, Enéias, e até o Gabeira, que na época não era o Gabeira tão admirado de hoje e sim o detentor de um slogan ridículo como "Os bichos não votam, votem por eles, votem em mim" acompanhado de uma vinheta com bichinhos da floresta repetindo "Gabeira! Gabeira! Gabeira presidente do Brasil!" (Isso não é memória falsa, tomara que não!)

Daí um ano depois, em 1990 tivemos a Guerra do Golfo, a do Bush pai. E então através da TV eu descobri que existia um país chamado Iraque e o presidente desse país era um tal de Saddam Hussein. Na cabeça daquele garoto que um ano antes havia visto como era uma campanha presidencial, não foi difícil criar a ilusão que era assim em todos os países do mundo, e que no Iraque havia algo semelhante a um Silvio Santos, um Gabeira, e que Sadam Hussei havia sido mais um dos candidatos com algum slogan esdrúxulo, um jingle tipo Lula-lá (saddam-dam?), e que havia sido eleito pelo povo depois de debates hilários na TV (os debates de 89 eram uma aula de humorismo, busquem no youtube). Tudo como aqui.

É aqui que entra a memória falsa: eu juro que vi com esses olhos que a terra há de comer o horário político do Iraque, e era como o nosso. Eu vi e ouvi. Aparecia o Saddam falando seus planos de governo detrás de uma bancada e depois aparecia um árabe e repetia o slogan que eu amei à primeira vista:

Vote no bom!
Vote no 100!
Vote no Saddam Hussein!

Ignoro se 100 era o número de chapa ou se era uma expressão, ou ambos. Até porque não sei se o número 100 tem o mesmo sentido para os árabes que para os ocidentais. O que sei é que em mais de uma ocasião esse slogan veio à minha cabeça e eu o repeti com gosto. Costumava usá-lo para designar tédio ou aborrecimento:

- Thiago, vai pra praia com a gente?

- Não.

- Vai ficar aí dormindo? Todo mundo vai pra praia.

- Não quero ir, quero dormir.

- Aff, em vez de aproveitar o sol.

- Ah, vai ô, me deixa em paz! Curte o sol você, vote no bom, vote no 100, vote no Saddam Hussein.


Claro, Saddam Hussei não foi eleito democraticamente, logo não precisou fazer campanha presidencial com jingles, e o que é mais óbvio: No Iraque não se fala português, logo esse slogan nunca existiu. Mas se ele quisesse recomeçar sua vida política no Brasil pelo menos já contaria com um ótimo slogan pra campanha. Não quis vir, deu no que deu: morreu, se fodeu.


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Comments:
NOSSA!
eu me lembro claramente dos bichinhos da floresta repetindo "gabeira! gabeira! gabeira presidente do brasil!".
entao nao se preocupe porque nao eh memoria falsa!
a nao ser que seja uma memoria falsa meio universal...

como no dia em que, em 2002 (quando o papa joao paulo II ainda detonava no vaticano), eu tinha dormido na casa da minha amiga depois de uma balada e na hora que a gente acordou, assim meio de ressaca, uma olhou pra cara da outra e disse: "MEU!!! O PAPA MORREU!!!"
e voamos pra internet pra ver se ele tinha morrido... porque AMBAS tinhamos certeza que ele tinha ido pro beleleu.
mas nao.

foi um dia meio estranho.

enfim... slogan pro saddam hussein...
milhoman, vc me diverte!
:D

beijos!
 
Vocês provavelmente encheram a cara na balada, conversaram algo sobre o Papa (que já tava meio zumbi) e sua iminente morte. Acordaram sem distinguir verdade e ficção.
 
Cornface,

Adoro estas tuas aberracoes que so' podem ser frutos de uma twisted mind. Se esta do Saddam foi verdade, voce e' ainda mais estranho do que eu pensava :)
 
É verdade, tudo que eu escrevo é verdade.
 
Ha-ha... e eis que surge a história do "papa morreu"... rs
 
O velho Ratzinger é tão nada a ver que ninguém sonha com ele. logo, não vai morrer nunca.

E 2010 pode ser tão divertido quanto 1989. O que seria um plebiscito entre a Dilma e o Serra pode virar um circo de bizarrices. YEAH!

Ah, e... vai rolar um Desocupadão no que resta de 2009? Só existem dois campeões, né? Tem que haver a "Negra"!
 
Bom você lembrar do desocupadão. Faz dois dias eu estava na praia e pensei na possibilidade de começar a temporada 2009, cheguei até a bolar uns 30 desafios de uma só tacada. A questão é se vai haver concorrentes, pois, o blog ficou tanto tempo parado que acho que muita gente foi embora. Você, Zarastrutas, Claudio e Lucrecia estão aí firmes. Não tenho notícias do Mula Manca, nem Th, nem Roberto, Primo It, Vitor e nem Aristides Leitão. Os outros não levavam tão a sério e tampouco tenho notícias. O legal esse ano seria poder contar com a June e com a Juh Mancin, mas não sei se elas vão querer participar. Enfim, o projeto está sendo estudado.
 
se for me fazer gastar meu tempo no trampo e me empanturrar de cultura inutil e absolutamente necessária pra minha [d]existência, sim, tô dentro! seja lá oq for o tal Desocupadão.
 
O objetivo é exatamente esse, Ju.
 
me convenceu! qdo começa? rs
 
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